quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Planeta Terror

Planeta Terror (Planet Terror), 2007. EUA. De Robert Rodriguez

O principal mérito desse filme é o interesse de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino em promoverem uma homenagem ao cinema de terror B.

Entre aspas, entre aspas. Porque, ao bem da verdade, cumpre lembrar a artificialidade dessa produção, uma vez que seu financiamento é de primeira linha. Há uma diferença entre o brega cabotino e o genuíno.

Esses dois diretores estão brincando com o universo do cinema, revisitando as mitologias e os estereótipos, criando releituras divertidas e bem articuladas, mas, carecendo de alguma originalidade e sofisticação. Mulheres nuas, carros envenenados, armas e cenas de mutilação estão longe de ser garantia de uma produção trash, já que são facilmente captáveis por qualquer produção de primeira linha.

Alguns elementos insistem em se repetir nos filmes de Robert Rodriguez. A figura da stripper (ou dançarina go go) é um deles, seja em Um Drink no Inferno (1996) ou em seu curta metragem contido em Grande Hotel (1995). Outro ponto que também já se repetiu é a fusão entre o homem e as armas, como aquele personagem de Um Drink no Inferno que acoplava uma pistola abaixo da sua linha do abdome... Algo também insinuado em A Balada do Pistoleiro (1995).

Justamente, em Planeta Terror, uma dançarina tem sua perna arrancada por zumbis, no lugar, como prótese, é colocada uma metralhadora automática. A garota se converte, portanto, em uma arma, se colocando em posições muito sugestivas para poder disparar conta seus agressores. Aliás, o filme começa com uma de suas apresentações no palco, quando ela exibe suas duas pernas, em uma dança sensual. Armas e sexo, uma representação corriqueira no imaginário adolescente, mas que, convenhamos, soa muito paspalhona para qualquer telespectador médio.

Não adianta a alegação de que o diretor pretendia realizar um filme despretensioso, com uma anti-estética, e, por isso, liberar todas as suas projeções juvenis, como as previsíveis sugestões ao lesbianismo. É um filme de zumbis, próximo A volta dos mortos vivos (1985), que, por sua vez, é uma releitura limitada dos clássicos do gênero.

Em termos de fotografia, o filme também simula uma precariedade da película, o que, obviamente, é outro artifício. Na verdade é de se questionar qual o interesse cinematográfico em realizar produções dispendiosas para mimetizar o trabalho de diretores, independentes ou não, que com poucos recursos fazem o melhor que pode. É como se fosse uma festa à fantasia, na qual todos os ricos fossem fantasiados de mendigos.

Divertido? Sim. Limitado? Com certeza. Isto é, desde que você não tenha mais 16 anos, o que não parece ser o caso de Quentin Tarantino e seu fiel escudeiro Robert Rodriguez.

Cotação: Regular

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