sábado, 3 de novembro de 2007

E Deus disse a Caim

E Deus disse a Caim (E Dio disse a Caino), 1969. Itália. De Anthony Dawnson (Antonio Margheriti)

Dá trabalho redigir esses textos. Além disso, não é nem um pouco gratificante, pois ninguém ler. Sempre estou às vias de desistir desse blog. Mas felizmente ou infelizmente sempre surge um filme que me faz escrever mais uma crítica.

Gary Hamilton (interpretado por Klaus Kinski) é um homem que foi injustamente acusado, depois de 10 anos de prisão ele volta querendo vingança. É dentro dessa premissa clássica (para não dizer batida) que o roteiro se desenvolve. O filme tem uma direção competente, com movimentos de câmeras típicos do western italiano do período.

Quando o protagonista visualiza seus inimigos, a câmera faz um zoom e para no seu olhar, fixo, inexpressivo e cheio de ódio – sim, as fontes de Tarantino passam por aqui. A propósito, a câmera se movimenta muito bem, fazendo interessantes trajetórias, indo do plano geral, o cenário, para um primeiríssimo plano, centrado no rosto dos personagens.

Via de regra, eu não gosto de filmes do gênero: a cenografia repetitiva, os argumentos eternamente reciclados, a péssima maquiagem, o excesso de luz me desmotivam. Além disso, a estrutura básica – diplomacia a base de chumbo – nunca me convenceu completamente. Mas que existem inúmeros bons exemplares, isso há!

E Deus disse a Caim é um exemplo. A história é levemente inspirada em O conde de Monte Cristo, tanto que há uma referência explícita a um dos livros de Alexandre Dumas. Por mais que a estrutura seja previsível –, dezenas de homem tentam capturar o vingador esquivo – ela funciona. Gary Hamilton é um justiceiro implacável, ele não esboça felicidade ou tristeza, mas só a determinação de eliminar eu algoz. O aparecimento desse justiceiro coincide com a chegada de um tornado à cidade, o que amplia a sensação de caos no povoado.

Embora seja um western, suas tramas paralelas são melodramáticas, com revelações de segredos, prantos e até os tão esperados incêndios. É interessante que os vilões, talvez com exceção do líder do grupo, são muito humanos, eles se preocupam com seus comparsas, resgatam seus corpos e choram sobre eles.

Outro dado a ser destacado no filme é a cenografia, influenciada pela direção de arte européia, que pode ser percebido no cômodo espelhado (bem afrancesado) ou nos quadros dependurados (também muito europeus). Já o penteado de Marcella Michelangeli, que interpreta a mulher que traiu Hamilton, denúncia que é um filme dos anos sessenta.

Produzido em techinocolor para ser exibido em cinemoscope, o filme apresenta uma fotografia e composição interessantes quando são mostrados os espaços abertos e desertos, principalmente no início da projeção, quando é cantada uma canção de escravos americanos falando de liberdade.

Em suma, trata-se de um bom filme, nesse caso o melodrama e o western deram um feliz resultado. Nos dez primeiros minutos do filmes você já é capaz de decupá-lo de antemão, dado sua previsibilidade. No entanto, a direção competente, que sabe trabalhar bem as nuances, acaba conferindo uma densidade ao filme, ainda meio que involuntária.

E o blog continua.

Cotação: Bom

3 comentários:

Anônimo disse...

eu leio xD acho que naum faço diferença mas eu leio

Anônimo disse...

Eu, assim como você escrevo críticas de cinema. Mas no meu caso, sou um editor de um jornal cultural universitário, o Plano Geral. Minha primeira incursão, foi a partir de um texto enorme, de minha autoria, entilulado: "Os Grandes Westerns Americanos".
Foi um delícia falar sobre o Gary Cooper, Howard Hawks, Winton C. Hoch, John Wayne e John Ford.
Assim como você adoro escrever e se fosse ganhar - bem - para tal, acho que nada em todo o cosmo me deixaria mais contente e realizado.

Bom, eu li. Não é muito, eu sei. Mas li. E o melhor de tudo: gostei do seu texto.

Continue com o seu belo trabalho.
Deus nos abençoe;
Thiago Barcellos
directorschair@gmail.com.
Msn: thiagozaz@hotmail.com
Hasta!

Anônimo disse...

ae brother, seu texto é bom. À proposito você registra seus textos em cartorio ou na biblioteca nacional antes de publica-los? Pois sabe como é, a net é um otimo meio de propagar o nosso trabalho, mas não dá p confiar, fique ligado! Abraço!