sábado, 8 de setembro de 2007

A volta do Todo Poderoso

A volta do Todo Poderoso (Evan Almighty), 2007. De Tom Shadyac

Não podemos cobrar verossimilhança de um filme no qual um dos personagens é o próprio Deus (Morgan Freeman). Aqui, não um “Todo Poderoso” irreverente como Alanis Morissete em Dogma (1999), mas um chato de garrocha, que insiste em fazer as coisas a sua maneira...

Sim, claro. Ele é Deus né? Faz as coisas da maneira que bem entender... Deus é brasileiro (2003), com Antônio Fagundes, já havia nos ensinado essa lição da pior maneira possível. Mas esse trabalho de Tom Shadyac (quem?) é um filme tedioso, com um humor insosso e interpretações bem descuidadas.

O filme é sobre Evan Baxter (Steve Carrel), um jornalista que foi eleito congressista. Entusiasmado com sua ascensão profissional, ele se muda para uma nova cidade, mas esquece das “coisas que realmente valem a pena”. LEIA-SE: a família, sim mais uma vez a família... a relação com os fedelhos e a Dona Maria...

Pois é, mas nesse meio tempo, Deus surge e diz: “Constrói uma arca aí Evan Noé, que nos vamos colocar um casal de cada espécie, porque eu tô a fim de dar uma descarga geral na terra.

Evan deveria ter dito: “Hum, um casal de cada espécie? Vai caber?” Mas ele se restringe a dar gritinhos: de dor, de susto, de espanto e de resignação. Steve Carrel se comporta como um careteiro típico. A clássica síndrome de ”mamãe quero ser Jim Carrey”.

Esse é um filme que tem potencial para os neo-pentecostais. É pedagógico, é didático. Devemos escutar a voz de Deus, ignorar a razão e esperar pelos milagres, pois é assim que haveremos de mudar o mundo.

Deus não está morto, ele só estava em um coma profundo. Diriam os neo-nietzscheneanos.

É previsível, você antecipa todos os atos. Baxter não liga para a família; Deus o solicita a construção de uma arca, seus filhos passam a ajudá-lo, estreitando os laços paternos. O nosso congressista carpinteiro passa a ser considerado como louco, todos riem dele – mas ele permanece firme na palavra do senhor (aleluia irmãos!) e vai pregando madeira por madeira. Ao final: família unida, arca construída: missão cristã cumprida!!

Como conseguiram construir aquele enorme barco em tão pouco tempo”? Inquiriria um cético.

Que pergunta idiota! Esses hereges... Deus ajudou! Isso é obvio né?

Me esqueci! Ih, foi mal.

Alguns espectadores devem achar engraçado um homem contemporâneo com barbas grandes e túnicas rústicas... pois Deus obrigou Baxter a trocar seus refinados ternos por esse look beatnik maltrapilho .

Previsível, tedioso e medíocre. Nem o “Todo Poderoso” escapou do esquemão Hollywoodiano

Graças e louvado seja Deus que sou ateu – máximo ateu.

Pois desse modo o filme arranhou só a minha sensibilidade estética e cinematográfica – minhas convicções religiosas não foram agredidas (pois eu não as tenho).

Obrigado meu Deus. Obrigado All Mighty. Obrigado Morgan Freeman.

Cotação: Péssimo

Um comentário:

Unknown disse...

Davidson, seus comentários são DUCARALHO. Acho que você deveria ser comentarista de uma destas revistas de cinema de verdade. Ou melhor, eu daria um braço paraver você comentando o OSCAR. Com certeza você é muito melhor que o José Wilker.