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domingo, 21 de outubro de 2007

Mares Violentos

Mares Violentos (The sea chase) 1955. EUA. De John Farrow

Através de um traveling vemos o navio cargueiro e seu capitão (John Wayne). No início do filme já é anunciado que ambos são um só. Força, resistência, coragem, homem e nave compartilham a mesma existência, o desfecho do filme, é uma conclusão coerente dessa premissa.

O enredo se centra na história do capitão alemão de um cargueiro chamado Ergenstrasse, ancorado em Sidney justamente no momento em que a Segunda Guerra foi declarada. Mesmo não sendo simpatizante do regime nazista, ele pretende conduzir seus homens e navio até à terra natal.

Como um exemplar do cinema clássico, o protagonista é um homem perfeito, sem qualquer falha moral. Suas ações são claras, ele sabe o que almeja e, para isso, traça um caminho legítimo até seu objetivo. Seus subordinados o respeitam e seus adversários o temem.

A marinha inglesa é sua antagonista, mas ela tem um motivo legítimo para persegui-lo, uma suposta chacina que ele cometeu em um porto para acolher náufragos. Inicia-se uma perseguição ao Ergenstrasse e, esse incidente isolado, acaba sendo motivo para propaganda de guerra tanto dos ingleses quanto dos alemães. Porém Capital Karl está pouco interessado na política – embora afirme seu não alinhamento com o regime nazista – sua pretensão é manter firme seus valores, mesmo que sejam incompatíveis em um mundo onde predomina a mentira e o ardil.

Ele é um herói clássico, incapaz de mentir ou se envolver em qualquer ação ambígua. Quando ele é confrontado, a câmera o mostra de perfil, para que possamos visualizar sua postura ereta perante seus oponentes. Quando ele discursa aos seus marinheiros, o vemos de frente, com rosto iluminado, pois ele é sincero e isso temos que perceber em suas próprias feições.

Talvez seu único erro seja ser alemão e ter que confrontar os ingleses, que também agem com justiça e destreza. Pois mesmo não sendo adepto dos nazistas, em momento algum pensa em trair seu país. A solução para esse impasse é resolvida de uma maneira bem hollywoodiana, heróica e trágica, mas nem por isso pessimista.

Estamos falando do cinema nos anos cinqüenta, a questão de fundo não é a política mas sim os valores. Nem Inglaterra e nem Alemanha ganham, a vitória cabe a um homem, que soube ser íntegro, mesmo em tempos de guerra, quando o próprio sentimento de humanidade é negligenciado.

Cinema clássico. A solução dos problemas não está no coletivo ou no público, pois é uma questão privada e íntima. Um herói fará a coisa certa, não importa sua origem ou a quem ele está submetido. Pois o que o herói aspira é a imortalidade, não da alma, mas de ter seus feitos relembrados por outros homens.

Navio e homem podem deixar de existir materialmente, mas a grandeza de seus feitos nunca será esquecida, pois sempre haverá homens de valor (os heróis de amanhã) dispostos a perpetuar essas lembranças.

Cotação: Regular