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terça-feira, 29 de julho de 2008

10


10 (Ten), 2002. Irã/França. Abbas Kiarostami Productions. De Abbas Kiarostami

1ª Observação

Um dia, os americanos descobrirão o cinema iraniano. Esse será um bom dia para nós ocidentais, que teremos um novo fluxo de originalidade no cinema comercial. Claro que será uma adaptação, algo similar com o que vem ocorrendo com o cinema japonês. Mas indubitavelmente as produções iranianas possuem uma vitalidade que nos fazem falta.

2ª Observação

Ver filmes de países pouco conhecidos por nós, é uma oportunidade para confrontar nossos preconceitos e estereótipos com as auto-representações contidas nessas produções.

Em 10, percebemos que o cotidiano da sociedade iraniana não é muita diferente da nossa. Claro que eu não estou considerando esse filme como a revelação de uma verdade até então desconhecida. Mas não deixa de ser surpreendente vemos uma mulher iraniana falando de adultério, direito das mulheres, vida afetiva e problemas com os filhos.

A questão não é se estamos tendo acesso a uma verdade, mas sim que esse filme permite reconhecer em povos – que julgamos distantes – vidas e cotidianos muito próximos ao nosso. O cinema criando identidades culturais que transcende ao local.

3ª Observação

O filme se passa dentro de um carro, acompanhamos uma motorista que, ao longo da projeção, dá carona para várias pessoas. A partir do diálogo entabulado entre elas, vamos conhecendo algumas práticas e aspectos da sociedade iraniana.

Essa estrutura, embora original e bem trabalhada, é cansativa e acaba dispersando a atenção do espectador. A ausência de uma trama definida impede que o “efeito de realidade” seja maior, isto é, não embarcamos completamente na história.

Um filme dirigido não para a emoção ou o alheamento da realidade, mas sim para a reflexão e a ponderação.

Sem cotação