sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Operação Valquíria


Operação Valquíria (Valkyrie.), 2008. EUA. De Bryan Singer


Tom Cruise não andava muito bem das pernas. Depois de subir nos sofás e se dedicar a explanações filosóficas (vide a cientologia) ele percebeu que sua carreira estava por um triz. Então, para salvar sua reputação (ou o restante dela), ele decidiu aceitar esse trabalho e ir para o tudo ou nada.


Pobre Tom, decidiu salvar sua carreira interpretando um oficial nazista que tenta reiteradas vezes matar Hitler, sendo mal sucedido em todas elas; um conceito um tanto heterodoxo para um (ex)galã hollywoodiano. Aliás, o filme começa com ele levando uma sova de caças aliados e termina com sua punição exemplar pela tentativa de assassinato de füher. Ou seja, assim como o ator, o personagem só leva bofetadas...


A maneira como o espectador é introduzido na narrativa é inteligente, inicialmente fala-se em alemão, mas os sons e frases começam a se transformar em inglês, uma maneira de “fazer de conta” que se está falando alemão. Pena que o diretor não era o Mel Gibson, daí todo o elenco teria que fazer uma temporada no Cultura Alemã...


Vakkyrie é o nome do plano utilizado pelos dissidentes para tentar eliminar Hitler. Lastimavelmente esse filme é mal sucedido em todas suas tentativas, as representações de um Hitler medíocre e maligno são redundantes (já vimos isso várias vezes). Há uma cena em que ele aparece de costas, sentado em uma cadeira acariciando, um cachorro (sim! eles usam esse clichê) – eu quase exclamei “Dr. Evil!”, isso sem falar que o brilhante estadista alemão assina documentos importantíssimos sem se dá o trabalho de lê-los...


Já o personagem de Tom Curise, coronel Stauffenberg, é um cristão, corajoso, temente a Deus, fiel a Alemanha, pai amoroso, marido exemplar que decide ingressar no movimento de resistência alemã. Dessa vez ele atinge laivos impressionantes de canastrice, sua expressão é sempre a mesma, ou ele é um homem sob tensão ou sofre de cálculos renais.


O filme tem dois tipos de personagens, os feios e antipáticos, que são fiéis ao ditador, e os belos e de bons corações, mas que são ou incompetentes ou covardes. O general Olbricht, por exemplo, só toma as decisões erradas, totalmente incapacitado para a condição de liderança do alto oficialato. Aliás, ele me lembrou outro general incompetente, cujo nome não me lembro, do livro de A festa do bode de Vargas Llosa – este sim, um interessante trabalho que também aborda a organização de um golpe para eliminar um ditador, dessa vez um caribenho.


O filme é a crônica de um fracasso anunciado, basta esperarmos os planos falharem, os pelotões de fuzilamento entrarem em ação e as previsíveis declarações de coragem serem enunciadas. Mas dispensável mesmo é a família de Sauffenberg, que só aparece para reforçar as características simpáticas do personagem.


As interpretações, os cenários e o próprio roteiro não possuem vida, que não há como nos identificarmos com a história. O efeito de real é mínimo. Há vários bons trabalhos direcionados para a crítica ou mesmo a tentativa de compreensão do nazismo. Operação Valquíria com certeza não é um deles. Trata-se de uma dessas “fitas” descartáveis que Hollywood faz sem levar muito a sério; só mesmo alguém que se macaqueia em frente a Oprha para considerar esse fracasso evidente como a tábua da salvação.


Decadente.


Cotação: Fraco

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando vi o filme, tive a impressão que ele tivesse sido tirado de um HQ, tal a superficialidade dos personagens...