Bem ao espírito dos anos 60 e 70, a Noberu Bagu (apropriação da Nouvelle
Vague francesa) abordou temas importantes da conjuntura transnacional de
contestação ao status quo. A década de 1960 foi o auge das revoltas estudantis
e influenciou o cinema com uma forte nota provocativa. Os próprios circuitos
comerciais, embora utilizados, eram colocados em suspeição.
A principal referência da Noberu Bagu é o diretor Nagisa Oshima, mas
Seijun Suzuki teve um papel importante nesse movimento com sua abordagem
desafiadora e suas críticas ao autoritarismo. Esse é o caso do Elegia da briga
que acompanha a paixão de um estudante estudante por uma católica. Para a
contenção de seus impulsos sexuais, entendida naquele contexto como fraqueza,
passa a fazer parte de uma gangue. Suas brigas se tornam frequentes e
violentas, possibilitando a supressão da paixão e do desejo.
O contexto é a década de 1930 com a ascensão de um militarismo fascista
no Japão. Os rapazes, com traços misóginos, passam a deplorar o convívio com as
moças, mas a repressão sexual revela-se a fonte de muitos transtornos. Kiroku,
o personagem principal, não consegue esquecer sua amada Michiko, mas mostra-se
incapaz de fugir à solidariedade grupal.
As situações são cômicas, mas seus desfechos dramáticos. Este aspecto,
assim como a mudança abrupta de capítulos, traz uma certa irregularidade ao
filme, porém, tudo no espírito da Noberu bagu.
Cotação: ☕☕☕☕