Muppets
2: Procurados e Amados, 2014. EUA. De James Bobi
A composição cênica
resultante do uso de fantoches no “mundo real” assinala a tensão insolúvel dos Muppets. Trata-se de um universo
ficcional no qual os humanos coexistem com fantoches de animais antropomórficos
sem que tal irracionalidade seja percebida. Desse modo, a narrativa encontra-se
tensionada pelo absurdo, até mesmo porque os recursos metalinguísticos exploram
a natureza cômica de tais contrassensos.
O enredo não traz nada
de novo: amontoados de clichês articulados de forma pretensamente divertida. Enquanto
os Muppets encontram-se em uma turnê mundial (leia-se europeia), um audacioso
roubo é planejado. O sapo bom, Kermit, é preso na Sibéria e substituído pelo
sapo mau, Constantine, a fim de que a trama maligna seja colocada em movimento.
As temáticas banais e
lacrimejantes sobre a amizade, a família e o amor verdadeiro são utilizadas
mais uma vez. Tudo adoçado com poucos momentos cômico e números musicais
irregulares – revelação de que os Muppets se tornaram um pastiche de si mesmos.
Nem mesmo Ricky Gervais, interpretando um dos vilões, consegue se apropriar do
potencial humor non sense da
narrativa.
Na verdade, o valor do
filme se baseia no tipo de subtexto construído a partir da irracionalidade já
apontada. Isso nos leva a questionar nas causas da insistência em uma comédia
de fantoches para adultos (ou pelo menos para “todas as idades”). A poética infatilóide de Muppets 2 denuncia as dificuldades de coexistência entre o
saudosismo e o burlesco. O resultado é o enfraquecimento da comédia e o apelo à
lembrança de que já houve um dia no qual todos podiam sorrir dar tiradas
inteligentes de um sapo de pano.
Firma-se mais um
monumento da crise da comédia hollywoodiana contemporânea.
Cotação: Fraco
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