sábado, 5 de dezembro de 2009

Lua Nova


Lua Nova (New Moon), 2009. EUA. De Chris Weitz

Ou Meu cachorrinho faz au-au.

Há tanta inverossimilhança em Lua Nova, e não por causa dos vampiros que brilham à luz do sol ou dos garotos de 16 anos (tão nervosinhos...) que se transformam em lobos. Mas não dá para digerir um enredo que se estrutura em torno dos sentimentos de uma adolescente de 17 anos. Se não aceitarmos aquela premissa de “sempre vou te amar” ou “não quero te perder jamais” fica difícil levar tal história a sério.

Como continuação de Crepúsculo, o novo filme tem vários desdobramentos interessantes, todos ocasionados ou suscitados pela imaturidade tipicamente juvenil de Isabella. O que não é, em si, um problema, as nossas meninas gordas e espinhentas que não arrumam namorados precisam de material para devaneios. Hollywood sente-se feliz em providenciar isso, a preços módicos claro.

É uma série que tem tudo para fazer sucesso entre as teenagers, rapazes bonitos e sarados, complicações amorosas, problemas familiares, receios, inseguranças e a menor preocupação com a vida acadêmica... Nesse sentido, mais autêntico impossível! Porém surge a questão: o que os adultos estão a fazer na sala de projeção?

[A recuperação da estética ultra-romântica]

Aparentemente, os rostos juvenis, as juras amor e as relações assexuadas capturaram o gosto do povão... No fim das contas é um filme de vampiros bem comportados, não há exageros nas cenas de violência, os draculosos sequer possuem semblantes muito ameaçadores ao não exibirem suas presas. Os personagens apenas se abraçam, se beijam ou se empurram. O sexo está ausente e a morte subentendida, de forma quase poética inclusive. Os pais podem ficar sossegados, suas filhas permanecem com as mentes castas.

Reitero que Lua Nova não é um mal filme. Não obstante as falhas insanáveis das suas premissas, a estruturação da narrativa é eficaz, ao mostrar as complicações do mundinho de Bella. Se tudo parecia ir às mil maravilhas – ou nem tanto, vide o incidente ocorrido em seu aniversário – o abandono de Edward, o namorado vampiresco, joga a garota em uma “depressão”.

Para sair desse vale de lágrimas (já que ela foi a primeira garota no mundo a levar um fora) Bella vai buscar consolo em seu amigo Jacob, residente em uma reserva indígena da cidade. As complicações aumentam quando ela descobre que Victória, a vampira do filme anterior, está em seu encalço para vingar a morte do amado, assassinado pelos outros vampiros da família Culler (grupo do qual Edward faz parte).

Bem, entre as cenas de rapazes índios sem camisa (sarados e bronzeados... ai dilícia) e as ações inconseqüentes de Bella, descobrimos que alguns índios da reserva são... suspense... lobisomens... ohhhhhhhh.

[O masculino sem camisa: faz de conta que não existe sexo]

E sim, Jacob faz parte desses pit-boys, digo woolf-boys, e após o desaparecimento de Edward ele é quem assume os encargos de proteger a jovem bela. Esta beatitude tem um curioso gosto por rapazes, ou pulguentos ou sanguessugas – digressão: o que tem de errado conosco, os rapazes normais?

Voltando: Mais curioso ainda, há um fascínio geral por essa garota pálida de 18 anos (ela faz aniversário no meio do filme), vampiros, lobisomens e rapazes da cidade, todos interessados em colocar nela suas patinhas ou garrinhas.

Se as frivolidades predominam na ambientação geral, os problemas enunciados colocam desafios sérios para a protagonista. Sua vida está em jogo, contudo seu amor cego por Edward a impele a tomar ações imprudentes e, por vários momentos, ela resvala nas mãos dos inimigos.

Além de Victória, surgem novos antagonistas, estes sim, aparentemente invencíveis, uma antiga e poderosa família de Vampiros (os Volturi). Os lobos também passam a intensificar a oposição aos Cullers, dificultando ainda mais a vida da garota.

Em Lua Nova, a dicotomia vampiro-lobisomem ganha centralidade. Os vampiros se caracterizam por uma arrogância, um desprezo pelos humanos, mas há algo de decadente neles, pois vieram do Velho Mundo, têm contra eles aquilo que chamaríamos de “o peso da história”. Já os lobisomens são animais gregários, defensores das florestas, filhos do Novo Mundo, não temem os vampiros e mantêm um comportamento territorial.

Dentro de todo este imbróglio, Bella, a bela, fica dividida entre a amizade de Jacob (o bronzeado sarado) e Edward (o magricelo pálido elegante). A estética do anabolizante ou a reciclagem do ethos romântico? Questão central para o universo feminino sub-20, só não consigo relacioná-la à sétima arte.


[O masculino sem camisa: o lobo ou o morcego? Lembrando que o morcego não é o Batman]

Uma pena que, em meio ao exibicionismo dos corpos masculinos – pois agora, o rostinho bonito não é mais o da mulher – as damas continuam passivas e dependentes da proteção dos cavaleiros encapuzados. Lua Nova só é moderno na forma, em sua essência sente-se o peso do bustiê, as virgens pálidas do romantismo permanecem. Acontece que agora elas trajam moletons bregas e namoram com bad-boys de fala macia.

Compete perguntar o que vem em seguida... isto é, além dos rituais de sacrifícios e suspiros do público... bem, a Branca de Neve já deu as caras há muito tempo, estou a espera da bruxa malvada.

Cotação: regular

05 de dezembro de 2009

3 comentários:

Anônimo disse...

Lixo, nem vou perder meu valioso tempo vendo esse filme.

Davidson, qual sua visão do filme Avatar?

Davidson disse...

O blog estava parado. Logo, logo a crítica de Avatar! Abraços

Anônimo disse...

LAMENTÁVEL!!!!!!!!!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=AiiJlweN9Ds&feature=popular