sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Vôo Noturno


Vôo Noturno (Red Eye), 2005. EUA. DreamWorks SKG / Craven-Maddalena Films / Bender-Spink Inc. De Wes Craven

De um lado um alto político americano da Era Bush, que vem a público e defende a necessidade da força bruta para a política internacional.

Do outro lado um mercenário bonitão (Cillian Murphy), disposto a assassinar esse político.

Quem é o vilão? Bem, infelizmente este último.

De fato, o substrato ideológico do filme Vôo Noturno é a guerra contra o terrorismo, dissolvido em um roteiro bobo sobre a ameaça de assassinato à família (linda, branca, loura, indefesa) de um figurão republicano.

A história gira em torno da funcionária de um hotel, chamada Lisa Reisert (Rahcel McAdams), que, em alto vôo, é ameaçada pelo mercenário Jackson Rippner (Murphy). Esse pouco patriótico homem está ciente que Keef, o político, está para hospedar no hotel no qual ela trabalha.

O plano, portanto, é obrigar Lisa a usar seus contatos para transferir o hóspede para um determinado quarto, mais exposto, o que facilitaria o atentado. Em solo, um comparsa de Jack está pronto para matar o pai de Reisert caso ela decida não cooperar.

A partir daí passamos a acompanhar as tentativas de Lisa em ludibriar seu adversário, na perspectiva de salvar seu pai e a família Keef. O cenário principal do filme é o interior do próprio avião, toda a tensão é desenvolvida nesse restrito espaço.

O argumento principal já não é promissor, a direção de Wes Craven também deixa a desejar – não conseguindo escapar dos seus conhecidos macetes. A atuação de Rachel McAdans é fria, a moça, que já não é muito talentosa, interpreta o papel da nice girl da pior forma possível. Sempre resistindo, relutando, complicando; a típica mocinha que decide sobreviver e preservar os bons valores. A mulher americana trabalhadora, que suporta o stress e sabe encontrar a via adequada para resolver todos os conflitos, até mesmo um atentado terrorista...

Já seu antagonista, embora bonito, inteligente e misterioso comete tantos erros que eu acabei desistindo de torcer por ele... Se estes são os inimigos da América, não há razão para Bush dormir preocupado.

Ponto positivo para o filme: documento indireto do medo de voar que acometeu os americanos nos últimos anos, um receio sutilmente explicitado. Outro aspecto interessante é a apresentação dos inconvenientes de voar, como a espera nos terminais e as grosserias dos funcionários e demais passageiros. Um tema que, a nós tupiniquins, soa bem contemporâneo.

Embora o filme se estruture em um suspense, ele nos lembra aqueles trilhers de ação, como O Chacal , uma produção de 1997, protagonizada por Buce Willis e Richard Gere. História na qual um detento deve impedir o assassinato de um membro da família presidencial. Novamente temos civis se arriscando para a proteção de políticos.

Claro, o filme faz sentido para o público americano, que irá torcer para que a família Keef se safe. Porém, por aqui, na terra do Oba-Oba, não estamos dispostos a arriscar nossos pescoços pelos nossos políticos.

Se ao invés de Lisa Reisert tivéssemos um brasileiro, certamente que o político e seus belos familiares se mudariam para a cidade dos Sete Palmos.

Sorte do Keef que a América ainda é a América...

Cotação: fraco

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