✈ Crítica a jato.
Apesar de querer ser inusitado e
crítico, criando um paralelo entre os vivos e os mortos, o filme carrega uma
melancolia característica da cultura contemporânea. Os fantasmas, reduzidos à
condição espectral, são forçados a adiar a extinção em definitivo. Nesse
sentido, estão presos à demanda por entreter a plateia, amaldiçoando vivos e
mortos com performances grotescas.
O filme se torna mais sério do que gostaria de ser, mas parece não se dar conta disso. Tais entidades disputam, em um plano midiático, quais seriam os mais assustadores; parecem não ter nenhuma motivação a não ser a fama infame. Há uma lembrança, inclusive, da descartabilidade das celebridades contemporâneas.
Embora as interconexões entre vivos e mortos não sejam bem explicadas, o filme brinca com a noção de um crossover entre influencers e fantasmas famosos, mas tudo escoando no ralo da superficialidade vigente. Carecendo de uma dose menor de melodrama, o filme entretém, mas entrega pouco, considerando suas quase duas horas de duração. O desfecho talvez seja o mais frágil, considerando a ausência de redenção. Isso, inclusive, me lembrou o clima de naturalidade mórbida da série de anime Zombie Land Saga.
A narrativa ecoa um desinteresse,
ou pelo menos um descuido, com os personagens. Assim, sem ser cômico ou
assustador, Sociedade dos Talentos Mortos é retrato de um narcisismo
cadavérico típico dos tempos vigentes. No entanto, não entrega nada além de
clichês, fazendo da fugacidade não só o objeto como o próprio método.
Cotação: ☕☕☕
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