Cuckoo, 2024. Alemanha, Estados Unidos. De Tilman Singer
Filme de terror com ênfase no senso de incapacitação e sofrimento corporais ambientado em um resort alemão, com alguns sustos eficazes, mas sem a capacidade real de aterrorizar. Uma moça em luto pela morte da mãe vai morar com o pai, a madrasta e a meia-irmã trabalhando para um filantropo bem intencionado, um tipo de Georges Soros.
A
jovem rebelde, chamada Gretchen, desconfia de coisas estranhas no
hotel e na cidade: vultos, ruídos e náuseas frequentes nas hóspedes. Perseguida por uma estranha criatura, Gretchen não recebe ajuda da polícia
local, com exceção de um ambíguo investigador. Além disso, o empregador do seu pai demonstra um comportamento estranho e invasivo. Descobrir o que se passa no lugar é o meio de salvar não só a si mesma como a própria irmã.
A narrativa parte de uma série de premissas absurdas envolvendo determinadas entidades (não dá para falar muito sem revelar a trama), modificações na percepção da realidade e uma série de provações físicas. A relação de Gretchen com o pai é tensa, pois ela sente-se relegada pela devoção paterna à nova família. O subtexto de “fraternidade feminina” mostra-se essencial para caracetrizar os personagens masculinos como assustadores e desnecessários. A maturação da protagonista dá-se na reavaliação de sua relação com a irmã e com a figura feminina de um modo geral.
A ambiência do filme lembra, em vários aspectos, “A cura” (2016) marcando uma interface com o plot “cientistas loucos obcecados”; dessa vez a tematização é ecológica e não eugênica. Outra semelhança temática (não pensem muito ou poderão desvendar a charada) encontra-se no filme “Vivarium” (2019) em que também há menções aos incomuns hábitos dos cucos.
Sem recorrer,
diretamente, ao sobrenatural, o filme carece de uma maior razoabilidade em sua
argumentação interna. Nas situações clímax há muitos pontos de desencaixe e
desdobramentos desconexos. A tese sustentada assinala a demanda masculina de redução da mulher ao papel de mãe. Uma forma de escapar dessa “invasão de propósito” seria por meio de vínculos horizontais
estabelecidos entre as fêmeas.
Mulheres
e passarinhas, uni-vas!
Cotação: ☕☕☕
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