terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Willy's Wonderland: parque maldito



Código Cage 💫💫💫

Willy's Wonderland, 2021. De Kevin Lewis 

São dois filmes: um ruim e um péssimo. No filme ruim os adolescentes ficam presos com animatrônicos assassinos: cultistas de um serial killer satanista que fizeram um ritual para entranhar suas almas nos robozinhos. Desde então buscam por vítimas.

No filme péssimo um homem de meia idade com cara de poucos amigos passa uma noite socando os robôs. Ele não fala nada. Sim, Cage passa o filme todo sem dizer uma palavra. Não sabemos nada sobre a misteriosa figura, exceto o fato de que ele tem um carrão, uma jaqueta cool, um gosto duvidoso por energéticos e disposição de sobra.

Esses dois filmes se encontram na intersecção dos corredores e salões do restaurante familiar (pero demoníaco) Willy's Wonderland. Jovens fogem das máquinas enquanto as máquinas fogem de Cage (digo, do zelador).

Nicolas Cage, ou Nicão para os entendidos, deve ter assinado um contrato no qual se dispôs a fazer uma única expressão. A ideia de minimalismo na atuação realça suas saracoteadas silenciosas, no máximo um ruído.

Sem atuação, sem coesão, sem sentido algum: um retorno a Ed Wood.

Esse é o filme de Nicão que temos que assistir para entender até onde ele está disposto a ir. Cage entrega o mínimo necessário. Mas em um dos poucos momentos no qual a atuação se torna fluida uma dancinha acontece diante da máquina de fliperama.

A persona do ator quer vir à tona. Seria um canastrão se tivesse a presunção e as veleidades de tal, mas não. Ali é atuação em estado puro. “Dai-me o mínimo que eu darei o mínimo”.

Se o conjunto da obra não convence, a culpa não é dele. Ele é um apêndice que nem deveria estar ali. Seria mais um filme de terror se o faxineiro não tivesse decidido entrar chutando a porta para matar os animatrônicos.

Com ele ruim, sem ele péssimo.

Veredicto: bananeira dá banana, laranjeira dá laranja e Cage dá show.

Mas alguns shows são constrangedores.

Cotação: