sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O nevoeiro


O nevoeiro (The Mist), 2007. EUA. De Frank Darabont

Cláudio e eu nos conhecemos há muito tempo. De certa forma, acho que ambos somos durões. Mas enquanto ele perfaz o estilo do nice boy corajoso, me sobra o papel do cético-amargo-sarcástico.

É mesmo. Sabe aquele cara dos filmes de terror com um copo de whisky na mão que zomba do perigo? Bem, sou eu. Sim, o tipo de personagem arrogante que sempre morre no final. Já Cláudio pode se gabar: ele é o sujeitinho bacaninha que sobrevive com a linda mocinha loira.

Preâmbulo necessário, pois esse meu bom amigo veio até mim e confessou ter ficado apavorado com O nevoeiro. Bem, vindo de alguém que acho O chamado fastidioso e Dawn of the dead brega, achei promissor. Aluguei o dvd esperando encontrar o “fear”, mas o que eu vi foi uma dissertação sobre os neo-pentecostais... que a julgar por essa historieta até que não são tão descabidos...

Pois bem, logo após uma forte tempestade, em uma cidade interiorana americana (tinha que ser), surge um estranho nevoeiro, trazendo um clima de anormalidade à cidade. Algumas pessoas ficam presas em um supermercado e percebem que algo estranho está acontecendo lá fora. Não é necessário muito tempo para constatar a presença de criaturas dispostas a se banquetearem com a carne humana.

Entre os sobreviventes temos simpáticos idosos, pais exemplares de família (a propósito, pessoas como meu amigo Cláudio), funcionários do estabelecimento, advogados céticos-amargos-sarcásticos (olha eu aqui!) e uma neo-pentecostal fervorosa (queima eles Jesus). Pronto, o cenário perfeito para os embates com o “freak”, sejam as criaturas externas ou internas.

Na medida em que os ataques dos monstros se intensificam, as pessoas ficam mais desesperadas, portanto mais suscetíveis aos trôpegos discursos da beata Sra. Carmody. Na verdade, ela não é de todo mau, já que os demais não conseguem apresentar nenhuma estratégia de sobrevivência realmente válida.

Aliás, se um dos objetivos do filme era a crítica ao discurso neo-pentecostal, cabe dizer que ele falha, pois ao final, a música orquestrada e o clima fatalista gerado nos levam a crer que há momentos em que devemos ter fé e confiar plenamente em um “Deus vingativo e poderoso”, mesmo que no caso seja o exército americano.

É aqui que eu chego ao ponto que gerou essa crítica, pois ao contrário do meu lindo e másculo amigo Cláudio, não vi nada de assustador no filme. Eu já comentei isso antes: eu acredito que os monstros mais perigosos são os humanos, capazes de levar qualquer outra espécie à extinção. Se alguns se apressam e temem o Armagedon fazer o que...

Claro, quem assistir o filme vai entender aonde eu quero chegar.

A ironia! Há ironia! Ah... a ironia....

Como sou cético, amargo e sarcástico.

Cotação: regular