segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Stardust

Stardust – o enigma da estrela (Stardust), 2007. EUA/Inglaterra. Matthew Vaighn

Na melhor das hipóteses é uma péssima comédia romântica escondida em um clima de fantasia medieval.

Porém, a maneira apropriada de se referir a esse filme é como a mais constrangedora história na mais medíocre direção.

Como desancar um filme tão ruim como esse? Começamos dizendo que existe um muro em um povoado inglês cuja abertura dá passagem para um (oh!) outro mundo. Outro mundo? Outro mundo! Outro mundo com:

Reis? Sim.

Princesas? É claro.

Bruxas? Pois então.

Artefatos mágicos que devem ser encontrados? Óbvio.

Unicórnios? Evidente...

Donzelas a serem resgatadas? Yes, you can believe!

Jovem plebeu que descobre seu valor e se torna príncipe? Sim, sim, sim e sim!

Todos os estereótipos, os clichês, os plots convencionais, os motes batidos estão reunidos nessa produção pessimamente dirigida. Basta lembrar a tendência do diretor em fazer vários planos de poucos segundos, com cortes abruptos e recomeços desordenados de outras cenas. O único momento em que ele se alonga é na exibição dos planos gerais, ao apresentar os cenários criados pela computação gráfica. O verdadeiro cinema para espetáculo: e o pior é que o público embarca na picaretagem, batendo palminhas para o patético herói e dando suspiros românticos nos poucos momentos em que ele dá uns apertos na Claire Danes, vulgo miss canastrona. A propósito, houve um momento em que me confundi, achei que estava no cinema assistindo Titanic (só faltou a frase I’m the king of world).

É um filme abrangente, tem de tudo. Um pouco de humor negro, gags físicas (reparem o momento em que o herói, sob um fundo musical grandiloqüente, se atira sobre a carruagem em movimento, mas é arremessado para outra direção – rá rá rá, que engraçado), pitadinhas de lição de moral (algo do tipo: “seja você mesmo”) e a clássica dinâmica da screwball (um casal que briga o tempo todo, mas que no final descobrem que foram feitos um para o outro – que lindo!)

Nada convence, as tramas são desinteressantes e previsíveis, basta lembrarmos que a motivação inicial do herói era buscar uma estrela cadente para provar seu amor para sua (suposta) amada. Isso sem falar que há bruxas em procura pelo rejuvenescimento, ou um príncipe em sua tentativa de ser rei.

Temos na verdade um Filme B, escondido em uma produção de primeira linha. Bons tempos aqueles de Ed Wood, quando a incompetência era explicitada no amadorismo e na ausência de uma composição cinematográfica. Hoje, ocorre é que o cinema da mediocridade é o mais badalado, enredos e narrativas que deveriam ser exibidas somente para crianças com dificuldades de aprendizagem recebem um verniz todo especial, posto a disposição de um público que adora ser ultrajado.

Piratas voadores, bruxas sensuais ou decrépitas, beldades das mais variadas, heróis bobalhões que redescobrem seu valor, furos no roteiro (por que o pai de Tristan nunca voltou ao outro mundo? Por que ele não tentou resgatar seu “amor”?). Enfim, o cinema elevado à enésima mediocridade, é como se fosse um falatório que não diz nada.

Espetáculo: barulhos, imagens. Soltem fogos de artifícios que o povão, esses morto-vivos, gosta!

Me desculpem se pareço desconexo, mas só agora percebo o valor de Terra dos Mortos de George Romero. Compreendo. É muito fácil distrair os zumbis com sinais luminosos, pois, afinal de contas, eles já não têm mais cérebros.

Cotação: Péssimo

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa a análise!
he he he!

Abraços!

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkk ri d+ lendo isso muito bom