📺 História da animação
Animação engraçadinha dando uma roupagem nova e orgânica ao desenho
animado que fez sucesso em começos dos anos 90 – por sua vez uma adaptação em tons mais infantilizados dos quadrinhos.
Tartarugas,
rato, insetos, rinoceronte e javali contaminados por um composto radioativo
tornam-se humanoides. Historieta que já assistimos várias vezes nos diversos
reboots e versões da franquia. Mas Caos Mutante merece o destaque pela animação
estilizada em cores fortes e vibrantes, inspirando-se em um estilo urbano. As
paletas do grafite reconstroem uma Nova York vívida e frenética, cidade agitada e até repulsvia em alguns aspectos, mas de bem consigo mesma.
As
adolescentes tartaruguinhas estão lá, como sempre, buscando pedaços de pizzas,
autocompreensão e diversão descompromissada. Dessa vez wi-fi
conected onde o mundo pode ser conhecido sem sair do lugar. No entanto,
mais do que nunca elas são representadas como frágeis e inseguras; smartphone em
demasia dá nisso, certo? A tecnologia gera solidão e as tartarugas estão mais sós do que nunca. Não são os heróis cartunescos e sim jovens mutantes complexados com a intolerância do humanos - uma interessante alegoria da pertinência das minorias nos discursos contemporâneos.
Com uma habilidade acima da média para metaforizar os problemas e os interesses da atual juventude, Caos Mutante nos entrega uns quelônios preocupados com a representatividade da causa em um subtexto repleto de referências à cultura Lgbtxyz. Os heróis em formação também precisam dividir espaço de tela com a jornalista April, caracterizada nessa versão como uma patinha feia. Sim, agora as protagonistas precisam ser inseguras e esteticamente destituídas de qualquer traço do belo. Por isso, April virou uma adolescente gordinha tribufu que vomita diante das telas, mas com muita atitude para salvar o dia mutante.
Compensa essa cantilena uma animação boa o suficiente para representar a vida urbana como o palco dos grandes acontecimentos. Os atos de heroísmo aos quais as tartarugas performam no arco final vão ao encontro da mítica da cidade de Nova York na história do cinema. Além disso, a relação desenvolvida entre as tartarugas e os novaiorquinos lembra a franquia do Homem-Aranha produzida por Sam Raimi: cidade e heróis acabam tendo que dar as mãos!
Bastante
inofensivo para o filme merecer maiores considerações, temos uma narrativa voltada
ao público infanto-juvenil entregando muita estética e pouca história. Mas tudo
na medida certa, não compensa o bilhete do cinema, mas enfim, estamos em tempos de ver streaming na tela do celular.
E
ainda nos perguntamos porque as tartaruguinhas estão deprimidas...
Cotação: ☕☕