domingo, 27 de abril de 2025

Sociedade dos Talentos Mortos

✈ Crítica a jato.

Sociedade dos Talentos Mortos. Dead Talents Society. De John Hsu, 2024.

Apesar de querer ser inusitado e crítico, criando um paralelo entre os vivos e os mortos, o filme carrega uma melancolia característica da cultura contemporânea. Os fantasmas, reduzidos à condição espectral, são forçados a adiar a extinção em definitivo. Nesse sentido, estão presos à demanda por entreter a plateia, amaldiçoando vivos e mortos com performances grotescas.

O filme se torna mais sério do que gostaria de ser, mas parece não se dar conta disso. Tais entidades disputam, em um plano midiático, quais seriam os mais assustadores; parecem não ter nenhuma motivação a não ser a fama infame. Há uma lembrança, inclusive, da descartabilidade das celebridades contemporâneas.

[A necessidade de assustar constantemente os vivos é uma assombro para as próprias assombrações]

Embora as interconexões entre vivos e mortos não sejam bem explicadas, o filme brinca com a noção de um crossover entre influencers e fantasmas famosos, mas tudo escoando no ralo da superficialidade vigente. Carecendo de uma dose menor de melodrama, o filme entretém, mas entrega pouco, considerando suas quase duas horas de duração. O desfecho talvez seja o mais frágil, considerando a ausência de redenção. Isso, inclusive, me lembrou o clima de naturalidade mórbida da série de anime Zombie Land Saga.

[A característica solidão dos mortos vivos]

A narrativa ecoa um desinteresse, ou pelo menos um descuido, com os personagens. Assim, sem ser cômico ou assustador, Sociedade dos Talentos Mortos é retrato de um narcisismo cadavérico típico dos tempos vigentes. No entanto, não entrega nada além de clichês, fazendo da fugacidade não só o objeto como o próprio método.

Cotação: ☕☕☕