Longlegs: Vínculo Mortal (Longlegs), 2024. De Oz Perkins
Long
Legs = Pernas longas = Pernalonga? melhor se assim o fosse...
Aquele
coelhinho era danado, não? Bem, o nome dele no original não é Longlegs,
mas sim Bugs Bunny. Não há ligação, embora quando um caçador enfiava uma
arma na toca do Pernalonga e puxava o gatilho a carga acertava, misteriosamente,
os fundilhos do disparador. E vejam só, isso faz mais sentido do que toda a
baboseirada de Longlegs, supostamente o filme mais assustador de 2024.
Estamos
falando de um filme no qual a agente especial Dana Scully, digo a agente
especial Lee Harker, com uma intuição acima da média (habilidades psíquicas ao
estilo Frank Black, também personagem do Chris Charter) inicia uma investigação
sobre o misterioso serial killer mesmo demonstrando sinais de instabilidade psicológica,
depressão, síndrome do pânico, isolamento social etc. Mas seu consciencioso chefe
decide apostar todas as fichas nos poderes mediúnicos (digo, intuição acima da
média) da agente.
Polícia
científica? Para quê? Nós acreditamos em ocus-pocus.
O assassino autonomeado como Longlegs,
por sua vez, é uma figura tão convincente quanto um quadro maneirista do século
XVI. Sim, meus caros, Nicholas Cage está overacting; eliminem as texturas, a
boa vontade do público e o marketing e teremos apenas uma canastrice. E de
pensar que no passado eu já critiquei o coringa de Heath Ledger...
Ao
longo da investigação evidencia-se um elo obscuro entre Harker e o Longpernas,
uma situação perceptível até para o nada perspicaz chefe da investigadora. Mesmo assim ele não se perturba com pequeníssimo detalhe, afinal Harker tem poderes intuitivos de decodificar instantâneamente cartas satanistas... coisa trivial que se aprende em um curso de verão.
O suspense policial cede lugar ao terror aumentado as fragilildades da narrativa; com a evocação da figura do diabo (não como
psicopatia do sujeito, mas como entidade real) tudo fica fácil para os propósitos da trama... Afinal,
uma vez delineado um componente sobrenatural para as ações do serial-killer (algo que
apenas Lee Harker admite) torna-se apenas uma questão de tempo ver como os
propósitos irão se realizar.
Os norte-americanos
levam essa coisa de tinhoso a sério, pois quando ele entra por uma porta o bom
senso sai pela janela. Assim, tudo se torna previsível, pois as tentativas de
detê-lo irão apenas fortalece-lo. O demônio surge como a representação do mal
absoluto e mesmo aqueles que deveriam pará-lo acabam, de um jeito ou de outro, servindo-lhe.
Desculpem-me
se repito, mas vejam só: se o caçador enfiar um rifle na toca do Pernalonga e
puxar o gatilho estará disparando em si próprio.
Tão
óbvio, mas infelizmente quem está na perseguição do Longpernas NÃO sabe
disso.
Cotação: ☕☕
Filme
assistido em 25 de agosto de 2024.